Entrei na sala e todos responderam em coro ao meu bom dia. Meti conversa com alguns daqueles alunos que liam e escreviam em português, na Escola de Referência de Liquiçá, em Timor-Leste. A professora disse que eu era fotógrafo e que tirava muitas fotografias pelo mundo inteiro, e eu perguntei se alguém já tinha tirado fotografias. Lá do fundo, na última fila, uma mão foi a primeira das duas que se levantaram a acenar, e fui ter com o pequeno rapaz. Perguntei-lhe o nome, e não percebi à primeira e cheguei o meu ouvido: “Agapito”. Passei a correia da máquina pelo pescoço do Agapito e familiarizei-o com o visor e o disparador daquela câmera que lhe pesava nas mãos. Apontou, ajudei-o a premir o botão e na foto ficou o colega da frente a sorrir, virado para trás.
O Agapito aprende português como milhares de crianças em Timor aprendem a nossa lÃngua, que é uma das duas oficiais do jovem paÃs, e que é o membro asiático da Comunidade de PaÃses de LÃngua Portuguesa. O paÃs terá agora cerca de um milhão e quatrocentos mil habitantes, dos quais quase metade terá menos de 14 anos. É fácil prever a importância da nossa lÃngua daqui a uns anos quando estas gerações chegarem à idade activa e puderem participar nas decisões de Timor LoroSae. Queiram os que decidem agora preparar bem o caminho para que estes miúdos possam tomar bem conta do futuro dos seguintes.